Cicuta-negra (Ammi majus L.)

flora silvestre portuguesa

Espécie: Ammi majus L.
Divisão: Magnoliophytas
Classe: Magnoliopsidas
Ordem: Apiales
Família: Apiáceas (umbelíferas)
Sinonímia: Ammi apiifolium Hoffmanns. et Link; Ammi glaucifolium L.; Ammi majus L. var. apiifolium (Hoffmanns. et Link) P. Cout.
Nomes comuns: Âmio-vulgar, âmio-maior, bisnaguinha-das-searas, bisnaguinha-do-campo, salsa-de-burro, cicuta-negra.
English names: Queen Anne’s lace, bishop’s weed.

Há mais de 4000 anos já os Egípcios conheciam o extraordinário e perigoso valor desta bela umbelífera filha do Nilo. A História deu-lhe diferentes nomes e usos ao longo do seu curso. Hoje, a cicuta-negra continua a impressionar-nos com o seu poder e a revelar-nos os seus mistérios sob a lente do microscópio. Morte e Vida, veneno e antídoto num só cálice, prova de que na Natureza não existem contradições nem paradoxos e que o Bem e o Mal são escolhas humanas e não fundamentos da Criação.

Identificação: Herbácea anual que pode atingir cerca de 1.50m de altura. Apresenta um caule erecto e ramificado. As folhas são glabras e divididas, sendo as basais bipenatissectas, de recorte elíptico e margem serrada, e as superiores muito divididas, igualmente glabras, mas de segmentos muito estreitos (lineares) e de reduzidas dimensões. Sob a umbela, os folíolos adensam-se e alongam-se ligeiramente. As umbelas, de hastes muito finas e longas, são compostas e apresentam entre 20 a 50 raios. As flores são muito brancas no pico da floração, formando conjuntos de aspecto ovóide. Os frutos são elipsóides e acinzentados e dispersam-se anemocoricamente (por acção do vento). Toda a planta é praticamente inodora, o que torna impossível a confusão com a verdadeira cicuta.

Tipo fisionómico: Terófito.

Distribuição: Teve como origem o Vale do Nilo. Actualmente encontra-se um pouco por toda a Europa com excepção do Norte. Abundante em toda a bacia do Mediterrâneo e no Médio Oriente.

Habitat: Ruderais, matagais e zonas costeiras. Vegeta em campos soalheiros e em solos bem drenados.

Floração: Abril/Julho.

Princípios activos: Furanocumarinas (fototóxicas muito abundantes), xantotoxina, bergapteno, isopimpinelina, heraclina, flavonóides aceticílicos, imperatonina, marmesina, imoidina, entre outros. As sementes contêm metoxaleno (cancerígeno).

Propriedades: Fototóxica, neurotóxica, cancerígena, anti-microbiana, contraceptiva, abortiva e diurética.

Partes usadas: Toda a planta.

Usos: Ornamental. Foi usada ao longo da História no tratamento de algumas doenças, entre elas o vitiligo, a psoríase e a lepra. Também foi utilizada em tempos, como regulador da menstruação e como contraceptivo, bem como no tratamento de infecções urinárias e no alívio das dores de dentes. Actualmente, encontra-se em estudo a possibilidade de esta planta poder vir a contribuir para o tratamento da SIDA e de certos tipos de cancro.

A cicuta-negra não deve de forma alguma ser utilizada sem vigilância médica, quer interna quer externamente, uma vez que a abundante presença de furanocumarinas pode desencadear reacções alérgicas à luz solar, mesmo em quem não tenha qualquer alergia deste tipo. Pode igualmente provocar vómitos, vertigens, sintomas de depressão, infecções oculares e até mesmo cancro.

Durante tratamentos à base desta planta, a luz solar deve ser evitada a todo o custo, pois pode causar cegueira, hiperpigmentação e cancro da pele. Devem também ser evitados alimentos que contenham alguma percentagem de furanocumarinas, como o aipo, a cenoura, a salsa e os coentros, espécies todas elas pertencentes à família das apiáceas.

Curiosidades: As doenças de pele eram muito comuns no Antigo Egipto, como o são ainda hoje, por este motivo a maquilhagem nasceu em terras faraónicas como forma de proteger a pele da acção nociva do Sol, sem descorar a estética, questão tão cara aos Antigos Egípcios. O vitiligo, também designado “lepra branca”, era uma doença algo comum. A cicuta-negra era usada sob a forma de um unguento aplicado nas zonas afectadas pela despigmentação, que posteriormente eram expostas à luz solar, recuperando, deste modo, a cor. Todavia, este tratamento, como acima se pode constatar, comportava sérios riscos para a saúde do paciente.

É igualmente tóxica para o gado, o qual acaba por padecer dos mesmos sintomas de fotossensibilidade que se traduzem em cegueira, perda de peso e que quase sempre resultam na morte.

Esta apiácea possui um sabor forte, acidulado e algo picante.

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